Moda também é cultura (ou é só consumismo)?
É tudo isso e mais alguma coisa... A moda tem um lado positivo, que é o constante estímulo à mudança, o que cria uma atmosfera de renovação. Num ambiente sempre arejado por novidades, tudo o que está antiquado, ultrapassado, desatualizado, envelhecido, obsoleto… tende a se modernizar. Não apenas o vestuário, mas instituições, costumes, regras, convenções, tecnologias, padrões morais, estéticos, éticos e, até mesmos religiosos. Tudo o que não corresponda mais às necessidades do momento vai sendo descartado e trocado por ‘novidades’, num círculo virtuoso de desenvolvimento e criatividade.
Um bom exemplo da associação da moda com a modernidade se deu no início do Século XX. Havia um espírito libertário no ar, as artes quebravam seus laços com o academicismo, a indústria se encaminhava rumo à popularização dos seus produtos, a burguesia democratizava a política, a mulher conquistava maior independência... Ela começava a trabalhar, votar, se emancipar, se afirmar. A moda, então, descartou toda aquela parafernália de espartilhos e crinolinas que limitavam seus movimentos, para valorizar as roupas mais práticas e funcionais como os vestidos soltos e as calças masculinas. Ao mesmo tempo em que a mulher se vestia de um modo mais cômodo, em sintonia com suas novas atividades, ela se sentia também mais moderna, atualizada e ativa socialmente.
O lado negativo da moda fica por conta do clima de frivolidade que surge quando as mudanças se sucedem sem que se perceba seus verdadeiros significados. Um círculo vicioso de inconseqüência e consumismo se forma quando as novidades são artificiais, criadas só para satisfazer o mercado, para ‘estimular as vendas’, para ‘aguçar o nosso apetite consumista’, para criar uma falsa atmosfera de renovação. Para esse fim, a publicidade está sempre preste a confundir o consumidor com suas realidades fantasiosas.
Entrementes, na moda não existe uma linha rígida que separe o lado positivo do negativo. Entre a novidade real, que faz sentido para as pessoas e a artificial, existe um ambiente ambíguo, onde consumismo se confunde com cultura. É de onde saem todas aquelas ‘bobagens’ que os pais costumam achar que ‘estragam’ os filhos: o trash, o besteirol, o freak, o pornô, a junk food, os quadrinhos, a TV em geral, a MTV, o vídeo game, as chamadas ‘modas de rua’ ou street style e todas as ‘modas’ que não se levam muito a sério. Todas aquelas bobagens, que reunidas, formam a própria cultura pop.
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