Por que o surf seria um esporte original?
O surf dos anos 60/70 sofreu as influências do espírito contestador daquela época. O intenso questionamento de costumes propostos pelos jovens de então coincidia com a anarquia de um esporte que não seguia os princípios dos esportes populares tradicionais, inspirados nos jogos clássicos gregos.O espírito olímpico definia que “o importante não era vencer e sim, competir”. Para o surfista o importante não era competir e sim, se divertir, superar limites individuais, desafiar obstáculos naturais imprevisíveis, estar em constante contato físico com a natureza, praticar um esporte sem regras rígidas.
A popularização e internacionalização do esporte ampliou seus atrativos comerciais. As principais conseqüências da sua mercantilização foi o aumento das pressões para que fossem organizados campeonatos, surgissem campeões, mitos e outros artifícios adequados à exploração publicitária e comercial do surf. Mesmo estando inserido num contexto de regras, rankings e profissionalismo, o surf conseguiu difundir uma nova postura do atleta diante do seu esporte. Em princípio a diversão, o estilo de vida, o descompromisso com a competitividade e a liberdade como principal valor a ser defendido. Depois, num segundo plano, as preocupações naturais de um esportista profissional, responsável pelo crescimento de um esporte que se tornou também um grande negócio.
O segmento de mercado em volta do surf cresceu e conquistou identidade própria, bem definida, com um público consumidor bem adaptado a essas empresas originais das praias. Empresas e produtos “alternativos”, que vieram suprir a demanda por estilos de vida descomplicados, ambientes e emoções menos ordinárias que as do cotidiano de salas de aulas e escritórios . A forte expansão da indústria e mercado do surf, e seus principais braços, a moda e o turismo, gerou um mega bloco de empresas preocupadas tanto com a sua rentabilidade, quanto com a sua imagem consolidada de descontração, liberdade, independência etc.
Com sua história, o surf indicou uma nova tendência esportiva, mais envolvida com o modo de vida e integrada à cultura da comunidade participante. Estabeleceu novos parâmetros de organização e regulamentação para as competições, condizentes com um espírito esportivo menos competitivo e mais socializante, cultural. E propôs uma estrutura comercial devidamente comprometida com os valores promovidos pelo esporte.
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