O que o jovem encontra na rua, que não pode ter dentro de casa?
Encontra a própria cidadania. A rua representa para o jovem, a liberdade do espaço público em oposição à propriedade privada, cada vez mais vigiada. Na cidade grande, o público tem sido sistematicamente invadido pelo privado. Os carros dominam a cidade, das pequenas vielas até as grandes avenidas, transformando tudo em vias de circulação ou estacionamentos. Grades, portões, muros e guaritas cercam ostensivamente todas as propriedades, das pequenas casas da periferia até os grandes condomínios verticais. Prédios, cebolões, antenas, luminosos e outdoors de todos os tamanhos formam uma paisagem urbana poluída e agressiva… Esse ambiente desumanizado, típico dos grandes centros urbanos, produz uma população juvenil cada vez mais empenhada em tomar de volta os seus espaços.
Todas as metrópoles cosmopolitas, em qualquer parte do mundo, sofrem com esses mesmos problemas de crescimento desordenado, dificuldades em levar infra-estrutura para a periferia, especulação imobiliária, trânsito caótico etc. Problemas urbanísticos que demandam soluções, muitas vezes, políticas. Enquanto administradores se enredam em manobras, conchavos, jogos de poder cheios de lobbies, negociatas e máfias… A juventude prefere agir por sua própria conta e risco.
Skatistas e ciclistas, por exemplo, tomam de volta cada centímetro pavimentado da cidade, transformando ladeiras, guias, lombadas, escadas, guard rails etc. em ‘divertidos obstáculos esportivos’. Grafiteiros e pixadores pintam cada centímetro de muro ou parede, ‘redecorando’ tudo ao seu gosto. Os viadutos mais altos são tomados de assalto pelo pessoal do rappel. Enfim, através da reocupação do espaço urbano para o laser, o jovem exerce a sua cidadania, reumaniza o ambiente e reinvindica a cidade para si.
No comments:
Post a Comment