A juventude ainda dá valor a alguma coisa?
‘Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada’ era um jingle que promovia uma marca da moda no começo dos anos ’70. A palavra do momento era liberdade. Tudo o que se pensava, se falava, se criava trazia consigo, implícito, um forte desejo de liberdade, autonomia, independência. Hoje a coisa está mais para ‘just do it’, que por sinal é o lema de uma outra marca da moda. Vivemos num tempo de ação, com esportes, filmes, games 'de ação' e tudo mais.
A liberdade continua sendo um valor importante para qualquer jovem, a diferença é que ficar falando, teorizando, refletindo sobre esse valor não tem mais graça. O que atrai é a demonstração, a prova, a prática. A palavra-chave agora é atitude. Ela representa um conceito que se difundiu durante os anos ’90, quando parece que os jovens se cansaram de denunciar e reclamar como faziam os politicamente corretos de então. Também já não queriam mais competir e fazer sucesso como os yuppies dos ’80, nem discutir, debater e contestar como a juventude estudantil dos ’60 e ’70. É como se os jovens quisessem literalmente partir para a ação.
‘Ter atitude’, ‘mostrar atitude’ não é ‘agir de qualquer jeito’, é ‘agir do jeito certo’. Atitude é um tipo de ação com qualidade, ou seja, não é só sair por aí agindo sem pensar, inconseqüentemente. Pelo contrário, hoje, quando se fala em atitude, subentende-se que existe consciência, compromisso e até mesmo algum tipo de engajamento na ação. O popular bordão ‘skate é atitude’, por exemplo, informa, em outras palavras, que ‘esse esporte promove um estilo de vida com o qual a comunidade de praticantes e simpatizantes está comprometida’. Em outro exemplo, o subtítulo ‘estilo e atitude’ que aparece em muitas revistas de moda, pretende garantir uma imagem menos superficial do que teriam as publicações caso o subtítulo fosse simplesmente ‘as últimas modas’.
O termo atitude tem aparecido freqüentemente como um acessório moderno, atual, jovem, pois é o que melhor representa o espírito ativista das novas gerações. E os 'novos valores' que essas gerações tendem a promover são aqueles mais 'ativos' também: coragem, iniciativa, audácia, determinação, combatividade etc.
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