Então, os jovens não andam muito alienados ultimamente?
Não, os jovens nunca foram tão atuantes política, social e culturalmente como os das gerações atuais. Inclusive essa participação não é mais centralizada nas comunidades estudantis ou sindicais como antigamente. Novas lideranças estão espalhadas por inúmeros grupos juvenis que se reúnem por afinidades de estilo.
Guetos, tribos, clubes, movimentos, culturas ou qualquer outro nome que se queira dar aos grupos desse tipo sempre existiram entre os jovens de qualquer época, mas os de hoje têm uma capacidade de organização e expansão nunca antes imaginadas. A tal da globalização permitiu que houvesse uma irreversível integração mundial das turminhas da esquina.
E com todo o arsenal comunicativo de que dispõe, os grupos que possuem um 'conteúdo' mais consistente, conseguem arrebanhar muito mais 'fiéis' do que seria possível em outros tempos. O hip hop com seu discurso de 'união de todas as periferias do mundo', o punk com seus bordões de 'faça você mesmo' e 'abaixo o sistema', o skate e o grafite com seu espírito de guerrilha urbana, a tatuagem e a festa eletrônica com seu caráter de ritual primitivo são alguns exemplos de temas importantes no momento. São assuntos que reúnem grupos multi raciais, multi étnicos, multi culturais e multi sociais, defensores, representantes, ativistas e simpatizantes ao redor do mundo, como se fossem verdadeiras correntes políticas. E, realmente possuem plataformas, apresentam manifestos, criam seus líderes, sejam artistas, esportistas ou ícones da moda.
O estilo de vida representa para o jovem de hoje o que representava a opção política para o jovem '68. E está presente em qualquer atividade cotidiana, por mais prosaica e inócua que possa parecer. Criar modas, cultuar marcas, praticar esportes, ver televisão, fazer compras... Atividades que outrora seriam consideradas alienantes, hoje são utilizadas como importantes difusores de valores, ideais ou causas grandiosas, sem o menor preconceito.
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