Os jovens não sabem controlar a sua rebeldia?
Durante a década de ’80 eles mostraram que aprenderam a controlá-la sim. Naquela época o mundo experimentava uma atmosfera de abertura política, da volta do espírito democrático. Até na China, em meio a um regime totalitário e militar, os jovens voltavam a protestar. A própria Guerra Fria se amornava enquanto a União Soviética ruía... A crise financeira global colocou em cheque as grandes potências, que começaram a cobrar dos países subdesenvolvidos as dívidas contraídas pelos governos antidemocráticos que elas mesmas haviam financiado!
Mas enquanto os governos afrouxavam as suas políticas opressivas e ‘enterravam o entulho autoritário na lata do lixo da história’ reaparecia o velho ‘vilão capitalista’: o mercado. As políticas ideológicas foram trocadas pelas políticas econômicas. Governos cada vez menos representativos foram sendo cada vez mais dominados pelas grandes corporações, que financiam suas campanhas eleitorais e participam ativamente da sua gestão. A nova ordem social colocava mais algumas fiadas de tijolos no muro que separa o Primeiro do Terceiro Mundo. FMIs, OMCs e outros organismos oficiais passaram a garantir a manutenção da tal ordem.
O mundo globalizado se transformou num grande shopping center multinacional, superproduzido, superpromovido e abastecido com produtos criados no Primeiro Mundo, mas confeccionados no Terceiro. Os governos trocavam suas plataformas sociais para incentivar a economia de mercado. Passaram a promover o consumo como motor do desenvolvimento. O consumismo, então, deixava de ser 'aquela coisa feia, de burguês, de alienado', para se tornar algo 'positivo, fomentador de riqueza, gerador de emprego'. Enquanto essa peça era encenada, os jovens articulavam-se para denunciar a falta de limites éticos para a situação.
A rebeldia tornou-se politicamente correta. Começou, por exemplo, a impor restrições à ganância do lucro a qualquer custo: ao custo de trabalho escravo na Ásia, de trabalho infantil no Brasil, da matança de baleias no Japão, do desmatamento de florestas na Amazônia ou da emissão excessiva de poluentes na Europa e América. Era o início da organização da rebeldia, do surgimento de instituições ativistas (às vezes superativistas como o Greenpeace), da criação das ONGs (Organizações Não Governamentais), da defesa das mais variadas causas (principalmente ‘dos direitos das minorias’), do combate à intolerância (racial, étnica, religiosa, sexual, cultural)...
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