Existe uma moda só para os jovens?
Sim, mas não foi sempre assim. Antigamente, o jovem era considerado apenas um apêndice da família, sem gosto próprio e com hábitos de consumo idênticos aos dos seus pais. As Grandes Guerras do Século XX mudaram as relações entre as gerações mais velhas e as mais novas. Os jovens iniciaram, a partir disso, a sua escalada de independência. O mercado entendeu o processo, incentivou e financiou o baby boom. O jovem tornou-se um consumidor independente, com autonomia para escolher e comprar seus próprios produtos, cultuar seus mitos, criar suas modas e, claro, consumir seus ‘novos produtos’: rock, jeans & camisetas.
O ‘mundo da moda’, até então, era dominado pelos padrões de beleza franceses, herdados de uma aristocracia especialmente preocupada em distinguir-se da massa plebéia. Com essa postura elitista, a principal função da moda era separar o chic do brega ou determinar quem era ou não era elegante. Todo um esquema foi montado para que as modas fossem ditadas e controladas por alguns poucos detentores dos ‘direitos sobre o gosto do momento’: estava criado o fashion system. Novidades eram, sistematicamente, lançadas para serem consumidas inicialmente pela ‘elite’, seguida pelos ‘outros’ e, finalmente, popularizada pela massa.
A partir dos anos’60, os jovens subverteram esse sistema e iniciaram um processo inverso ao estabelecido. Eles passaram a retirar das ruas, do cotidiano, da ‘vida real’, do ‘povão’, as inspirações para as suas modas: estava fundado o street style.. Desde os anos´60 ciganos, mendigos, trabalhadores braçais, militares, o ‘povo simples do interior’ e seu folclore são fontes recorrentes. ‘Vestir-se como um maltrapilho’, para o jovem, deixou de ser algo deselegante: ao contrário, virou sinônimo de provocação, descontração, questionamento... Ou seja, uma atitude legal, ‘cool’, consciente. (Vide hippies, punks, grunges, metaleiros etc etc.)
Enquanto isso a moda ‘à francesa’ seguia o seu caminho de espetacularização dos desfiles, da transformação de estilistas em pop-stars e de top models em ícones de beleza. Tornaria-se, definitivamente, um ramo da indústria do entretenimento, do show bizz. Há alguns anos, por exemplo, um desfile virtual da grife Victoria’s Secret causou um dos maiores congestionamentos já vistos na Internet. Seus últimos desfiles foram transmitidos pela TV americana para cerca de 12 milhões de telespectadores, cada! E, convenhamos, ninguém acha que todos estão realmente interessados no design das lingeries que estão vestindo (ou melhor, despindo) as mais belas, famosas e bem pagas top models do mundo...
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