Todo jovem é sempre um rebelde sem causa?
Nem todo jovem é rebelde, mas juventude e rebeldia são parceiras de longa data. Na história recente, desde que a ‘juventude transviada’ pôs o pé na estrada, essa parceria tem deixado para trás um longo rastro de conquistas sociais, políticas e culturais. Tem imposto ao mundo uma atmosfera mais descontraída, divertida, emocionante e um espírito mais aventureiro, radical e destemido.
Nos anos ’60, por exemplo, década em que o jovem descobriu o seu papel político na sociedade, a rebeldia vinha em forma de insulto contra a preservação dos costumes antiquados. Na 'swinging London', na psicodélica Los Angeles ou na rua Augusta vestia-se mini-saias, deixava-se o cabelo crescer, ouvia-se rock’n’roll bem alto… Havia o prazer de chocar os mais velhos, os tradicionalistas, os conformistas, de fazer qualquer atitude parecer escandalosa.
A família, por exemplo, era considerado um dos pilares do tão desprezado, odiado, execrado universo pequeno-burguês, então o jovem resolveu sair de casa, morar ‘sozinho’ com os amigos em repúblicas e outras comunidades alternativas. O governo era o ‘fantoche do capitalismo yanque’, então o jovem virou comunista ‘de carteirinha’ e passou a ter marxs e trotsks entre os seus cadernos universitários. O jovem utópico dessa época acreditava que poderia mudar o mundo. E demonstrava isso através dos coquetéis molotovs e pedras atiradas pelas ruas de Paris '68, nas passeatas sangrentas como as da Candelária, nas violentas manifestações anti-Campanha do Vietnã, na América.
O jovem declarou guerra ao sistema enquanto os governos se enfiavam cada vez mais na Guerra Fria. Durante os anos ’70 o clima pesou, veio a onda de militarismo, autoritarismo e desrespeito às liberdades democráticas. Tudo era banhado pela atmosfera pesada das ditaduras, da repressão política, de arbritariedades, prisões, torturas etc. Por todo o mundo afloravam milícias paramilitares, grupos terroristas, exércitos de libertação, guerras de guerrilha... A censura silenciou qualquer pensamento crítico e a juventude se enfiou no ativismo clandestino ou na alienação junk. A rebeldia era violenta, até as drogas eram as 'mais pesadas’.
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