A tatuagem é só uma moda passageira?
Não. Ao contrário, a tatuagem desafia a moda, desrespeita seus ciclos e subverte suas regras. A tatuagem é uma marca definitiva, portanto, seu ciclo corresponde a ciclos de vida e não ciclos de moda. Essa eternidade sugerida pela tatuagem se opõe vivamente ao descartável, sugerido pelas modas sazonais.
Muitas vezes, as modas são impostas pelo mercado através de uma estrutura complexa, voltada à ‘satisfação do cliente’. Só que essa satisfação deve durar pouco, pois novos produtos estarão à espera de novas demandas. São indústrias, estabelecimentos comerciais, agências de publicidade, imprensa e todo um mundo empresarial empenhado em promover novidades, mesmo que o cliente já esteja satisfeito com suas ‘velharias ultrapassadas e fora de moda’
Os artifícios do mercado às vezes nos faz acreditar que existe realmente alguma lógica natural nos ciclos oficiais das modas, promovidos por desfiles e lançamentos sincronizados. Que o nosso gosto pode, mesmo, mudar radicalmente, de estação em estação, como conta a propaganda. Que sempre haverá uma idéia mais legal do que a que estamos curtindo agora. Mas alguns bons exemplos podem ajudar a dissipar essa ilusão. A T shirt estampada, lançada nos anos ’70 como uma moda jovem, apesar do seu fulminante sucesso, não saiu mais da moda. Não seguiu o roteiro oficial: lançamento, sucesso ‘underground’, popularização, decadência e esquecimento. O mesmo aconteceu com a calça jeans desbotada, a minissaia, o biquini… idéias que se renovam e se refazem há muito tempo.
A tatuagem é um recurso que vai contra a domesticação da imagem pela moda. Vai contra a manipulação do gosto pelo mercado: ‘tatuou, tá tatuado, o que se gosta hoje, terá que se gostar prá sempre…’ Discute-se, com isso, o consumismo inconsciente e a massificação ignorante. E propõe-se uma relação mais permanente das pessoas com o seu estilo próprio.
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